Médicos dizem que Trump “está muito bem”, mas lançam dúvidas sobre seu diagnóstico e tratamento

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Donald Trump anunciou sexta-feira que tanto ele como sua mulher, Melania, testaram positivo para o coronavírus. Ele tem 74 anos, e ela, 50. No caso do presidente americano, a idade e o sexo são os fatores de maior risco na evolução de seu diagnóstico. “Não há outra doença infecciosa que tenha uma relação tão estreita entre idade e mortalidade como a covid-19”, afirma José Ramón Arribas, porta-voz da Sociedade Espanhola de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica. O sobrepeso do líder republicano (108 quilos) e seu nível alto de colesterol também não ajudam. Em 2018, o médico da Casa Branca, Ronny Jackson, reconheceu que Trump beirava a obesidade, mas disse também que, em geral, “gozava de boa saúde”.

“Sem dúvida, o mais perigoso de seu quadro médico são seus 74 anos. Na Espanha, a taxa de mortalidade dos pacientes do sexo masculino dessa idade que deram entrada no pronto-socorro e foram hospitalizados por coronavírus durante a primeira onda variou entre 30% e 40%”, assinala Arribas. Um estudo publicado em março pela revista científica The Lancet mostrou que a taxa de mortalidade dos pacientes de 70 anos era de 8,6%.

“O sobrepeso também predispõe ao desconforto respiratório, ou seja, ao acúmulo de água nos pulmões, o que aumenta a possibilidade de sofrer uma pneumonia”, acrescenta Arribas. É bem conhecida a preferência de Trump por junk food.

O presidente americano contraiu a doença depois de viajar no Air Force One com sua assessora Hope Hicks. Os dois testaram positivo na quinta-feira. Arribas explica que a primeira coisa a fazer nesses casos é uma radiografia e um estudo do nível de saturação de oxigênio. “Se faltar oxigênio, será preciso administrar cortisona, e se a saturação respiratória for boa, pode ser receitado o remdesivir [único medicamento autorizado até agora contra o coronavírus]”, assinala. O médico diz que os médicos de Trump podem submetê-lo a um experimento clínico com anticorpos monoclonais, “conhecidos como anticorpos anticovid-19”. Essa opção não é recomendada por outros médicos. “Recomendo que eles não se desviem do protocolo padrão, porque é aí que ocorrem os erros”, declarou à agência Reuters Bharat Pankhania, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Exeter (Reino Unido). “Este não é o momento nem o lugar para experimentar, simplesmente por ele ser o presidente.”

Durante uma entrevista coletiva em janeiro de 2018 para falar da questionada saúde física e mental de Trump, o então médico da Casa Branca Ronny Jackson chegou a dizer que o presidente “poderia chegar aos 200 anos”. Jackson minimizou assim a polêmica surgida depois da publicação do livro Fogo e Fúria: Por Dentro da Casa Branca de Trump, do jornalista Michael Wolff, que sugeria que o líder republicano não estaria capacitado para o cargo. O médico do presidente reconheceu que este tem uma vida sedentária (só pratica golfe), mas disse que, por outro lado, ele nunca havia bebido nem fumado.

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Arribas, chefe do setor de doenças infecciosas do hospital La Paz em Madri, afirma que a verdadeira semana de risco para o presidente americano será a próxima, porque os pacientes com covid-19 costumam apresentar mais complicações de cinco a sete dias depois de ter contraído a doença. Será preciso ver como evolui o quadro. Enquanto isso, continua a contagem regressiva para as eleições presidenciais de 3 de novembro.

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